Padre Nicolás Schwizer
Para que o diálogo conjugal seja eficaz e criativo deve ser, também: cálido, oportuno, constante e renovado.
4. Ardente, apaixonado. É preciso insistir sempre para que o diálogo seja ardente, apaixonado, porque a frieza é um perigo que ameaça a todos os cônjuges. Uma vez que se foram acumulado algumas incompreensões consecutivas, a irritação contida se traduz num forte esfriamento das relações do casal. Não se é propriamente hostil um ao outro; se é simplesmente indiferente a ele, com uma indiferença gelada. Evidentemente, isto é algo que aumenta a falta de comunicação e fecha toda saída. Não se chegará jamais ao encontro interior em tais condições.
5. Oportuno. É uma arte saber escolher o que se deve dizer e o que deve calar. O provérbio ensina: Nem toda verdade é para ser dita. Há algumas que é melhor calar, porque as dizendo só conseguiríamos ferir; sem proveito algum para um melhor entendimento. Há silêncios que devem ser respeitados, segredos que são invioláveis. Nem tudo deve ser dito, nem se pode perguntar tudo. Para poder escutar-se, o casal deve respeitar-se, uma das formas de respeito consiste em saber não perguntar ou não insistir quando não convêm; outra forma é não dizer ao cônjuge uma verdade muito dolorosa. A discrição, no sentido profundo da palavra, é a chave dos diálogos conjugais. Isto é, devem saber o que se pode comunicar e o que se deve calar, em todos os casos.
Isto se aplica também ao momento escolhido para manifestar-se. A verdade não pode ser dita em qualquer momento. Não se deve falar jamais quando se está em determinados estados de espírito. Por exemplo, quando se está dominado pela cólera, pelos ciúmes, pela tristeza profunda ou numa excepcional euforia.
Não são as emoções as que devam animar o diálogo, mas exclusivamente a razão. Julgar-se-á, no nível da inteligência, não das paixões, quando é o momento oportuno para dizer tal ou qual verdade, ou pedir determinada explicação. Escolher de maneira acertada o momento do diálogo é assegurar seu êxito.
6. Constante. Temos que imprimir um ritmo seguro ao diálogo, uma periodicidade regular, para evitar que aumentem as incompreensões e que se acumulem os problemas.
Poderíamos dizer também algumas palavras sobre as interrupções do diálogo. Acontece com bastante frequência, que depois de uma briga ou um aborrecimento suspendemos esse diálogo que deveria ser permanente, e até o suspendemos por tempo indefinido. E depois vem a pergunta: qual dos dois inicia de novo o diálogo?
Depende muito do temperamento: o colérico é muito orgulhoso para iniciá-lo; o melancólico está muito abatido pelo que passou; ao indiferente provavelmente não lhe importa muito; o mais indicado seria então o sanguíneo que não agüenta a situação por muito tempo. Agora, se me perguntam, eu costumo dizer: é evidente que o mais maduro deve reiniciar o diálogo.
7. Renovado. A constância no diálogo exige, em compensação, um esforço de renovação. Porque é necessário, apesar de tudo, ter algo para dizer para poder falar. Do contrário, reinará a monotonia em nossos diálogos.
Se a esposa só sabe falar de moda ou do serviço doméstico, e por outro lado, o marido só sabe falar de negócios ou de política, é evidente que a conversação se tornará aborrecida com o tempo. A palavra está em função do pensamento. É urgente, portanto, cultivá-lo como um dever. Mas a cultura tem o sentido de abrir cada vez mais seu espírito e seu horizonte com o propósito de aprender a viver melhor e de saber responder as perguntas que todo ser inteligente se faz. É muito atual, portanto, a escolha do tema de nossas leituras, de nossas realizações artísticas, de nossa cultura religiosa…
Perguntas para a reflexão
1. Sou dos que querem saber tudo, tudo do outro?
2. Poderia nomear três virtudes de meu cônjuge?
3. Dialogamos sobre temas espirituais?
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